À procura de Jaime Fernandes
À procura de Jaime Fernandes
O Centro de Arte Oliva realizará em 2021 uma exposição sobre Jaime Fernandes, o mais reconhecido autor da arte bruta em Portugal. A exposição será acompanhada por uma publicação exaustiva sobre a vida o trabalho artístico do autor.
Neste âmbito estamos a realizar o levantamento de identificação e localização de obras de Jaime Fernandes que possam estar em coleções públicas ou particulares. Agradecemos o envio de qualquer informação sobre a atual localização dos desenhos de Jaime Fernandes, bem como de outras obras ou documentos, testemunhos, para o seguinte contacto: centrodearteoliva@cm-sjm.pt com identificação PROJETO JAIME FERNANDES.
Se tiver conhecimento de obras ou mais informação contacte-nos e faça parte deste projeto.
Jaime Fernandes: “vi uma cadela minha com lobos”
Jaime Fernandes (1899-1969) é inequivocamente um dos mais reconhecidos artistas da arte bruta/outsider portuguesa, não só no país como internacionalmente, no entanto a sua obra permanece ainda bastante desconhecida. A obra de Jaime Fernandes alcançou uma estima de culto, mas continua a ser sobretudo conhecida através do filme Jaime de António Reis (1974) e não tanto pelo contacto direto com os desenhos que a formam e que poucos terão visto. Esta obscuridade prende-se com factos a que não são estranhas as circunstâncias da sua vida isolada, a forma como produziu a sua obra e como esta posteriormente circulou: diagnosticado com esquizofrenia em 1938 foi internado por mais de três décadas no Hospital Miguel Bombarda (Lisboa), onde viria a morrer em 1969. Jaime Fernandes começou a desenhar inesperadamente aos 66 anos, quatro anos antes da sua morte, de acordo com testemunhos e referências feitas aos desenhos nos registos clínicos do hospital e nas cartas que escrevia à mulher. O que de Jaime se conhece são os desenhos, sobretudo feitos com esferográficas coloridas sobre diversos tipos de papel, onde um reduzido formulário de figuras, sobretudo animais imaginários, figuras humanas ou antropomórficas, surgem e ressurgem em inúmeras variações, sempre figurados numa densa trama de linhas. As cartas que escreveu enquanto estava internado e os seus desenhos foram filmados, já depois da sua morte, por António Reis e Margarida Cordeiro – das várias frases soltas retiradas dessas cartas que relatavam visões e pensamentos insondáveis, retira esta exposição o seu título.