A Minha Casa é a Tua Casa: Imagens do Doméstico e do Urbano na Coleção de Serralves
11 outubro 2016 — 26 fevereiro 2017

O título desta exposição corresponde à expressão com que asseguramos a alguém que a nossa hospitalidade é sincera; também institui a casa enquanto centro de uma relação entre duas ou mais pessoas – dialética que pode sintetizar a dinâmica entre artista e espectadores: as casas imaginadas por artistas serão temporariamente a nossa casa. É, de facto, muito considerável a quantidade de artistas para quem a casa é tema e pretexto. Os artistas e as obras presentes nesta exposição colocam o doméstico e o quotidiano no centro das suas preocupações, propondo diferentes interpretações daquilo que se entende por casa. Para alguns, como Patrícia Garrido e Pedro Cabrita Reis, ela é abrigo, lugar protetor de espera, evocador de estados e sentimentos como a solidão e a melancolia; para outros, casos de Ana Vieira, Juan Muñoz, Bruce Nauman e Gil Heitor Cortesão, ela é o local ideal para, através de um escalpelo analítico, identificar e falar de neuroses, de repressões; para outros ainda – Martha Rosler é exemplo paradigmático -, a casa, mais concretamente a cozinha, é símbolo da condição feminina e portanto cenário e objeto das mais ferozes críticas ao papel tradicional da mulher.
Independentemente do ângulo adotado, a casa parece sempre encetar um jogo subtil entre o privado e o público. Talvez por isso alguns dos artistas presentes em A Minha Casa é a Tua Casa sublinhem a relação da casa com a rua e com a cidade, dedicando-se a pensar questões eminentemente urbanísticas – casos de Ângela Ferreira, Gordon Matta-Clark e Luís Palma.
Aos ideais utópicos e de libertação do homem que estiveram na base da arquitetura e do urbanismo modernistas, estes artistas contrapõem modelos vernaculares de ampliação de casas (as marquises) ou um território desordenado em que se mesclam organismos urbanos e rurais, outrora coerentes e estanques.
As casas destes artistas são a nossa casa.

Artistas: Ana Vieira, Ângela Ferreira, Bruce Nauman, Christopher Williams, Fernando Brito, Gil Heitor Cortesão, Gordon Matta-Clark, Juan Muñoz, Luís Palma, Martha Rosler, Miguel Ângelo Rocha, Patrícia Garrido, Pedro Cabrita Reis e Tony Cragg.

Produção: Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto
A exposição faz parte do programa de itinerâncias nacionais da Fundação de Serralves.

Vista de exposição © Filipe Braga, cortesia Fundação de Serralves, Porto

Publicação
170 x 240 mm
20 pp
Bilíngue POR/ENG
Design: Maria João Macedo



Download